Passei anos enredado na necessidade de precisar, de rever a incandescência que o reflexo devolve, os azuis que a ilusão do horizonte marítimo funde, a vida pausada no habitat exterior das noites quentes de verão, as sombras desenvoltas no frescor subterrâneo, a luz "inclemente" dos dias perfeitos.
Passei anos inclusive, com a obsessão de escrevinhar às escuras a informação que apanhei da tela da vida, mas à qual faltava a palavra chave para resgatar a identidade desse Ser.
Lembrava-me de muitíssimos planos quase todos fidelíssimos na memória. Mas logo a imagem desse Ser não se esfumou como tanto recordava!!!!
Lembrava-me de toda a essa inocência, dos gestos, dessa abertura fluída e ininterrupta às coisas vivas, à sensação táctil de cada plano, aos prodígios evocativos das mais terrenas evidências sensitivas.
Toda a memória puxa a montante, para o passado escondido no porão do tempo, onde também se busca trancar esse ser, como coisas que já passaram e nos vedam os demais caminhos.
E nesse exumar de um passado conquanto irrevisitável, a fazer desse fora-de-campo temporal uma presença inescapável.
E na pequena ausência sepultada em cada plano que termina, esse último plano em que nela se extinguem as luzes de vigia da vida, tem tanto de terminal e ressonante para o tempo, como o encerrar tumular de um mundo obscuro de ilusão!!
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