quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Nem sempre é AMOR


"(...) Quanto mais vou sabendo de ti, mais gostaria que ainda estivesses viva. Só dois ou três minutos: o suficiente pata te matar. Merecias uma morte mais violenta. (...) se eu soubesse, não te tinha deixado suicidar com aquelas mariqices todas. (...) Eu não morri e sofri mais do que tu. Devias ter sofrido. Porque eras má. Eu pensava que não. Enganaste-me. Alguma vez pensaste no que isso representou na minha vida "miserável"? Agora apetece-me assassinar-te de verdade. É indecente que já estejas morta.
(...) Nunca houve nada como o amor para nos ajudar a ver o mal. O amor é o antídoto da cenoura. Eu sempre te vi como uma miúda encantadora. Tudo o que fazias tinha forçosamente de ser encantador. Por muito bruta que fosses, parecia-me sempre uma forma radical de encanto. (...) Só te pedi, ao longo dos anos que passamos juntos uma única coisa: que me dissesses sempre a verdade. (...) tinhas de me mentir, para eu nunca saber nada, julgando que sabia; fazendo de mim um parvo para além de toda a estupidez possível, como não consente a sociedade humana.
Se te matasse, matava-te sinceramente. Não sei de que maneira faria, para que não tirasses daí qualquer satisfação. (....) Se soubesses, eras capaz de te rir que nem uma perdida, até ao último suspiro, fazendo pouco da minha vingança, que certamente acharias pífia e desinteressante, má como tu eras, com uma capacidade infinita para magoar....."
Excertos : obra de Miguel Esteves Cardoso

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